Mentalmente... nada!

Estávamos no início de Dezembro, estava frio, chovia e toda a gente andava tapada da cabeça aos pés. Maravilhoso!  Eu adorava o frio, a chuva, as roupas quentes e confortáveis, escurecidas pelo sol tapado... O Inverno era o meu paraíso. Normalmente, o Inverno era a altura em que mais escrevia, pois o clima inspirava-me, mas naquele dia não me encontrava absolutamente nada inspirado. Tinha de escrever, mas não me saia nada. Nem uma simples palavra! Por isso resolvi escrever sobre isso, nada.
Era minha intenção escrever sobre pensamentos e sentimentos, e foi isso que fiz. Porque, no final de contas, um sentimento ou um pensamento são, simplesmente... nada! São algo que nos passa pela cabeça, por uma fracção de segundos. Muitas vezes ponho-me a imaginar uma praia deserta, gelada, uma praia em que predomine o silêncio, Uma praia em que apenas oiça as ondas do mar e o meu batimento cardíaco em uníssono. Talvez um piano lá ao fundo a tocar levemente... Resolvi escrever sobre a imaginação também.
Era-me fascinante escrever sobre todas aquelas coisas - pensamentos, sentimentos e a imaginação -, pois todas aquelas coisas me eram fascinantes. Ás vezes damos por nós a pensar numa coisa, seguidamente a imaginar se essa coisa acontecesse e depois a sentirmos o que sentiriamos se essa coisa acontecesse... A nossa mente é fantástica, pois consegue criar uma imagem na nossa cabeça tão real que às vezes acreditamos que existe mesmo. E, como é ela que nos controla, torna-nos completamente impossível decifrá-la e compreender como funciona. Mistério total!
A mente dá-nos avisos de quando estamos a fazer alguma coisa mal, e neste momento ela avisa-me que uma crónica é supostamente curta, e que esta suposta crónica deve acabar para não se tornar chata... Por isso parei de escrever.
Reli o que havia escrito e reparei que ao escrever sobre nada, escrevi sobre muitas coisas. Escrevi sobre a mente, que sei não ser nada, mas que, lá bem no fundo, eu sei que é tudo.